Eu moro no Canadá há quase três anos. Minha família ainda está no Brasil. Não… Na verdade, minha família mesmo está aqui. Somos eu e meu marido…. Claro, todos conhecem nossa cachorrinha também, a Bisnaga. Sim, Bisnaga. A Bisnaga tem quatro anos agora… Uma linda beagle que viveu mais tempo da vida dela no Canadá do que no Brasil, onde nasceu. Ah, verdade! Deixa eu voltar a falar da minha família que está no Brasil.
Hoje eu devo ter ficado pelo menos umas três horas no total com minha família que está no Brasil. Pela manhã, falei com minha mãe, meu tio, minha avó, uma prima e dois priminhos de segundo grau. Tudo isso reunido numa salinha de 15m2. Ah, o calor brasileiro. Lá já era hora do almoço. Que bagunça! Imagina tudo isso de gente comendo nesse lugarzinho tão pequenininho. Pois é… Mas isso não tem problema no Brasil. Minha avózinha está com aquela mesma risada. Seria lindo se eu pudesse “escrever” a risada dela aqui. Mas eu posso descrever: ela começa bem alta, aguda – pensando bem, acho que as vezes minha risada é igual! – e então minha avó fecha os olhos e deixa a risada continuar. Tão linda. É incrível como ela acha graça nas menores coisas. Nas menores.
E meu tio… essa é clássica… Assim que minha avó começa a dar risada, ele começa a imitá-la, tirando sarro… como se fosse uma gralha. Claro, de forma carinhosa. Nós brasileiros temos mesmo essa mania, essa cultura de tirar sarro uns dos outros.
Minha prima… fazia tanto tempo que não a via. Acho que devo ter falado com ela umas duas vezes pelo Facebook desde que mudei pra cá. E pensar que crescemos juntas…. Mas a carinha é a mesma. Eu que engordei. “Flórida” esse negócio de skype. A gente fica mais gorda na camera. Minha prima, minha prima: ah, que orgulho. Sim, muitas, muitas discussões rolaram ao longo das nossas vidas sobre o que seria o futuro da minha família. Mas minha prima agora está estagiando em uma academia! Sim, porque ela fez faculdade de Educação Física.
Falei que eu também vi nessa hora meus priminhos… Os dois correndo pela casa e brincando enquanto eu falava com todo mundo.
A tarde também falei com minha família. Minha mãe já tinha ido pra casa dela… Calma, deixa eu contar, porque essa foi clássica! Ela me ligou a tarde porque uma instituição de ensino ligou lá procurando por mim… Bom, porque alguém procuraria por mim? Só pode ser cobrança! Claro, cobrança it is…. E faz quase três anos que saí do Brasil. Talvez eu fale mais sobre isso numa próxima oportunidade. Quero falar sobre a família.
Não pude falar muito nessa hora, porque estava indo almoçar. Mas falamos depois… Agora no final da tarde, falei com minha família novamente.
Estava minha mãe, meu pai, meu irmão, meu priminho e a irmã por escolha da minha mãe. Uma família linda. Meu irmão estava com aquela mesma cara de sempre… Sabe a cara que ele faz quando ele não sabe realmente o que vai dizer, mas quer dizer alguma coisa? Eu tenho certeza que algo funciona na cabeça do meu irmão… Não sei como funciona exatamente, mas ele é um menino brilhante.
Menino?! Há! Ele vai fazer 22 anos já… Está um homem criado… Mas com uma camisa xadrez que eu dei pra ele de aniversário há uns cinco anos atrás. Estaria tudo igual no meu irmão, contando a carinha, o cabeção, andar de cueca pela casa, risadinha safada… Não fosse pela barba e voz grossa. Ai ai ai… Ele é um homem! Gente, como está grande, alto! Talvez eu não o reconhecesse na rua se não o visse (é assim que escreve visse?) com frequencia pelo skype e nas fotos do Facebook.
“Ele é um verdadeiro gafanhoto”. Essa é do meu pai… Meu pai sempre fala essas coisas…. “Ele é um verdadeiro / ela é uma verdadeira”…. E aí vem o que descreve melhor a pessoa naquela situação X. Sim, eu morro de rir com as expressões pitorescas que descrevem cada pessoa da minha família. Todo mundo tem algo singular. Não é incrível isso? Essa frase é super contraditória, mas é verdade.
Não vamos esquecer da irmã da minha mãe. Que agora além de vegetariana, ainda faz o próprio leite. Sim, ela faz o próprio leite… E também rolou a piada se ela não vai começar a se alimentar de luz logo mais. Claro que ela ri! Já falei que nós, brasileiros, fazemos piadas o tempo todo! Enfim, decidimos que se alimentar de luz não era uma boa idéia.
Mas acho bom isso… Não se alimentar de luz, mas acho bom que minha mãe tenha essa irmã. É uma familia mesmo.
Meu primo estava assistindo Minions pela enésima vez – normalmente é meu pai que fala esse tipo de coisa… Mas agora tem algo novo no meu primo: ele não está brincando com carrinhos… Carrega os super herois pra cima e pra baixo. Essa Marvel veio com tudo pra tirar o Mcqueen das paradas.
Segurando o celular do outro lado da ligação estava minha mãe. Nas três vezes. Eu sei que as vezes ela deve ficar meio cansada de ficar falando no skype comigo… Também acho que quando ela ler isso ela vai me xingar. Pode ser que ela fique cansada, mas ela nunca vai falar isso. Porque ela é a mãe, pessoa, amiga, mulher mais carinhosa que existe. A preocupação dela nunca muda. As frases dela também não… “Coisa mais esquisita”, “Não, isso não tá certo não”, “Que mais você tem pra falar”… “Vamos falar mais um pouquinho”.
Eu não sei quão longe o Canadá e do Brasil… Mas é bem longe. Não dá pra ir passar um final de semana lá ou cá. Mas ainda bem que tem o skype… E mesmo que não seja com frequencia que eu fale com minha família, ainda assim ajuda. Ajuda a matar aquela saudadezinha ou a não ter aquele conflitozinho de família!
E o mais importante de tudo… As pessoas mudam, o tempo passa, mas a essência de cada um ainda é a mesma. E sim, todo mundo é muito singular. Entende?
PS: Eu também sou singular… E provavelmente vou pensar que você pensou que eu não tenho nada pra fazer, porque falei com minha família três vezes hoje no skype…. Mas um: você não paga minhas contas, dois: eu torci o pé e estou meio de molho em casa. 🙂